segunda-feira, 12 de março de 2007

Quanto mais longe, maior ...

Inter campeão.. Fotos: Dany Uequed, direto do Beira Rio!

Fernandão posando pra mim. Gatão











Eu e meu colega.. Que cobertura!!!

Na sexta-feira, anterior ao Título..Galvão não esperava!!!









Artigo escrito em dezembro 2006.



Assisti neste domingo, 17, a conquista do Campeonato Mundial do Inter sozinha no Rio de Janeiro. Acordei cedo (acho que nem dormi) e liguei a televisão. Lá estava ele, Galvão Bueno, com quem havia conversado na sexta-feira anterior, na Rede Globo no Jardim Botânico. Naquela tarde durante um bate papo informal com ele, e com os repórteres Régis Resing e Flávio Fachel, ambos gaúchos e gremistas, perguntei quais eram as expectativas em relação ao jogo e ao Internacional.
Galvão, que tem uma fazenda no Estado e que gosta de andar pilchado, garantiu que era difícil, quase impossível uma vitória, e que nós (torcedores) devíamos estar felizes por representar o Brasil e já termos certo um segundo lugar. Engrossou o coro, os colegas, Régis Resing, e Flávio Fachel, que também não tinham muita fé em ver o colorado campeão. Tudo bem, é preciso lhes dar o desconto da rivalidade e o fraco desempenho do Inter na partida anterior contra o Al-Ahly.
Jornalistas a parte, o fato foi que acompanhei ansiosa e tensa os 88 primeiros minutos de jogo. Ao escutar o Galvão gritando gol, na hora me veio a desforra, e pensei: “Que tapa de luva”. Peguei minha bandeira (sim, eu levei o “manto sagrado” na bagagem) e saí do quarto do hotel gritando. Me deparei com vários hóspedes, a maioria estrangeiros, sem entender o porque de tanta euforia. Senti naquele momento a falta de uma parceria, de uma conterrânea, alguém que estivesse sentindo a mesma emoção. Quando o jogo terminou, não agüentei. Apanhei meus apetrechos de torcedora e fui para o calçadão de Copacabana à procura de algum colorado desconhecido para comemorarmos. No caminho, não me contive, liguei para o colega e amigo Fachel (gremista, lembram?) e tirei minha onda. Naquele momento, coitado, era o único gremista por perto, e parafraseando Zagallo: “Ele teve que engolir”. Os cariocas não entendiam o porque de tamanha rivalidade. Tentei explicar que aqui existem dois times muito fortes, ao contrário do Rio, onde são quatro grandes equipes (Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo). Contei que mais gostoso do que vencer o mundial, é ganhar em cima do ex-ídolo gremista, Ronaldinho Gaúcho. Mesmo assim eles continuavam sem compreender. Deixei pra lá.
Ao chegar na Avenida Atlântica, encontrei uma onda vermelha e branca. Gaúchos de todas as partes do Estado estavam ali. A grande maioria não mora mais no Rio Grande do Sul, vivem longe destes pagos há décadas, sequer recordam o hino do time (muitos acreditavam que era “papai é o maior”), mas não esqueceram suas raízes. E tem também os que nem são daqui, mas se sentem vencedores e “meio gaúchos”. A cada colorado que encontrava, um sorriso, um abraço e o grito de campeão. Parecia que nos conhecíamos desde sempre, afinal dividíamos a mesma paixão e o mesmo orgulho. Ouvia, estranhamente, aquela frase conhecida, mas com um sotaque diferente, chiado, um: “Ah eu sou Gaúxxxxoo”. Percebi, então, como o saudosismo mexe com o nosso interior. A comemoração longe das origens é ao mesmo tempo menor, mas muito mais intensa. Se eu tivesse vendo o jogo em casa, próxima a conhecidos ou parentes, me sentiria vitoriosa da mesma forma, mas a vibração seria diferente. Quanto mais longe de nossa terra, maior é orgulho que sentimos por ela e pelos feitos dos nossos.... Lá vem o Pato, Pato aqui, Pato acolá

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