Este texto define quase precisamente minha 'dead line' de dois anos. Não, não passou. E acho que ainda vai piorar muto até começar a sarar. Escrevo aqui pq é mais íntimo que qualquer outra rede social. Escrever, para mim, é parte do meu processo de cicatrização. Mas ninguém deseja nos ver triste. Ninguém quer saber o que somos de verdade. Todos preferem só a sua parte feliz. E, para estes eu deixo meu facebook. Mas eu sofro. Eu choro. Eu queria que as coisas fossem diferentes. E não são. E não há nada que eu possa fazer além de escrever. No futuro, quando outras dores vierem, terei estas, já superadas, registradas aqui para lembrar-me que tudo passa... A passa...
"Forcei para que a minha voz soasse firme naquela despedida, que ela não saisse trêmula como meu corpo que nesse momento tremia, pelo frio do abandono, pelo vazio do esquecimento que aquele fim de amor me trazia. Sempre tive medo das suas palavras, nestas horas elas eram como espinhos. Mas sempre optei por um fim limpo e tranquilo onde o respeito e a amizade prevalecessem, em que nada fica por dizer (sabendo que sempre ficará algo por dizer, que algumas palavras ficam- nos presas ao coração, e não conseguimos lbertar-nos passe o tempo que passar ). Desejei um fim claro, sem jogos, em que tentamos justificar o que talvez não tenha justificação, mas saimos com a certeza ou ilusão de ter tentado.
O certo é que por mais que desejemos a verdade nunca estamos realmente preparadas pra ouvi-la.
E tive vontade de adiar aquele momento, ou recuar pra vários dias atrás, pra quando aquela despedida ainda se encontrava longe dos planos, aqueles dias leves em que acreditavamos no “Pra Sempre”.
Ele do outro lado da linha recomeçou o seu discurso.
Lembranças de uma história que nesse momento virava passado corriam lentamente sobre minha cabeça que nem um filme, uma comédia romântica com um roteiro e final diferente, porque dessa vez a mocinha não viveria feliz com o mocinho.
A voz dele apesar de seca e dura mantinha-se firme. Eu o conhecia e sabia que desta vez ele não hesitaria. Desta vez a voz estava muito mais profunda que nos outros dias, porque desta vez
perfurava-me a alma.
Enquanto ele lista as justificativas por ter tomado a decisão de desistir de mim sem luta, de seguir um rumo diferente do meu, de refazer planos que não me incluissem.
Me dizendo palavras e clichês que iam entrando uma a uma no meu coração, e se fixavam, se acomodavam, maltratavam, corróiam.
As
lágrimas rapidamente escorreram sobre meu rosto, e queimavam. Os motivos me destruiam tanto quanto a decisão: todas palavras incluíam o prefixo EU. Eu quero viajar em paz, eu quero ficarbem, eu quero, eu, eu, eu... Um total individualismo, egoísmo e a demonstração de total vazio sentimental. Não reconhecia ali o amor pelo qual lutei com tano fervor.
Mesmo assim, por um momento agradeci pela tecnologia não ter avançado tanto ao ponto de celulares transmitirem sentimentos.
Pois no momento o celular mostraria uma alma sem rumo, uma mulher despida de orgulho chorando que nem uma menina frágil que perde o seu brinquedo que a faz companhia durante os dias , mostraria a dor sem mascáras, a dor de quem perde um amor.
Quis gritar, tentar chamá-lo à razão, mostrar que sou eu quem o escutava, quem o entendi, quem cuidava das suas dores e tristezas. Quis dizer que não se termina assim uma historia de amor como a nossa, implorar
pra que ficasse, explicar que não saberia o que fazer com os dias restantes, dizer que isso não se faz por telefone, numa ligação na madrugada com pouco mais de quatro minutos de duração. Tive vontade de bater nele, afinal algo assim se faz olhando no olho. Ele tinha obrigação, pelos anos que tivemos juntos de dizer tudo aquilo olhando pra mim.
Mas nesta hora, ainda me sobrava uma ponta de orgulho, quis sair com a cabeça minimante erguida
diante dele.
Engoli um soluço, as batidas do meu coração tornaram-se lentas, a voz saia fraca, mansa,
como quem perde todos armas e forças, e já não pode mais lutar, apenas desejei secretamente que a
vida cuidasse dele como eu não mais poderia. Toda este momento que levou mais de horas para eu escrever, durou pouco mais de quatro minutos. Em quatro minutos ele desligou mais de dois anos da minha vida.
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