terça-feira, 15 de maio de 2007

A verde e rosa marcou passo...

Li hj, no blog "Chope do Aydano" um tópico interessante sobre a escolha do enredo da verde e rosa para o Carnaval 2008. Muitos esperavam que o eterno Cartola fosse o homenageado pela escola a qual tantos versos dedicou. Mas não foi dessa vez. Os prováveis motivos, que nunca são oficiais, estão no texto abaixo:


Cartola, por que não?

A escolha do enredo da Mangueira para o próximo carnaval, com a opção pelo frevo e o imperdoável desprezo ao centenário de Cartola, tem um pouco da obsessão pelo patrocínio que envenena as grandes escolas de samba - e muito de uma longeva e silenciosa briga familiar, que transborda para o poder mangueirense.
- A família de dona Neuma, que faz parte da atual diretoria, não permitiria - conta um diretor com assento nas reuniões onde se tomam tais decisões. - A convivência com os herdeiros de Cartola e dona Zica não é fraterna - explica ele, revelando mais um racha na fragmentada verde-e-rosa.
Para não expor tão antipática divergência, há quem diga, lá pelos lados do Palácio do Samba, que a vida do sambista - na opinião deste blog, o maior de todos, entre os muitos gênios da História do carnaval - não sustenta um desfile inteiro. Cartola, ponderam, ficou muito tempo afastado da escola e do morro, jamais foi presidente e tem mais prestígio na MPB do que no mundo do samba. Basta, claro, lembrar o desfile vitorioso em 1998, com o enredo (igualmente órfão de patrocínio) sobre Chico Buarque para demolir a argumentação.
Não há, ainda, dirigentes capazes de costurar um acordo entre as famílias e superar, com criatividade, a falta de dinheiro para materializiar o enredo que o mundo do samba reclama cada vez mais alto. Os dois últimos presidentes, Elmo José dos Santos e Álvaro Luiz Caetano, protagonistas da mais impressionante recuperação de uma escola na História recente da festa, afastaram-se, por divergências com o atual inquilino do cargo, Percival Pires - na verdade, um rosário de mágoas que vai muito além do desfile, do samba e dos ensaios na quadra. Junto, saíram diretores fundamentais na equipe que transformou num sucesso o movimento "Muda Mangueira".
Na questão do dinheiro, é consenso na escola que a ajuda para o documentário "Cartola - Música para os olhos" tem motivações pessoais, que não se repetiriam em relação ao carnaval. Assim, a produção do desfile teria de ser bancada pelos recursos conseguidos com ensaios, venda de direitos para TV e subvenção da Liesa. O que, reza um axioma carnavalesco, está longe de ser suficiente.
Perde o carnaval, perde o Rio, perde a História. Uma pena.

Nenhum comentário: